São cerca de 22 milhões de pessoas com mais de 60 anos de idade. Desses, cerca de 6,5 milhões ainda trabalham por várias razoes. Trata-se de um contingente impressionante, muitos deles com invejável formação, fluência em idiomas e experiência acumulada em diferentes culturas. Seguramente, nesse grupo há um vasto bolsão de experiência e talento disponível a ser ainda aproveitado. Afinal, todo dia se noticia a carência de alguns tipos de mao de obra especializada, visto que o Brasil não formou material técnico e líderes em quantidade suficiente para atender a demanda que está sendo noticiada. Com certeza, muitos dos que alcançaram esta senioridade estão disponíveis e dispostos a reingressar ao mercado de trabalho. Para que isso aconteça, porém, será necessário resolver importantes equações que aparecem nos dois lados. Do lado da empresa, a imagem que ela tem dessas pessoas e de quais são as suas necessidades. Do lado dos sessentões, o que tem a oferecer as empresas, o que querem fazer e a título de que?
Não se tratam de equações simples e, por isso, devem ser encaradas de maneira séria e concreta por pessoas e instituições. O aumento da longevidade está sendo acompanhado pelo encurtamento do tempo de carreira corporativa. Mesmo contra a vontade, bons profissionais deixam as suas carreiras mais cedo e passam a enfrentar um longo período de aposentadoria precoce e forcada, na maioria das vezes, precisando trabalhar para completar as suas rendas. É necessário refletir sobre o que as empresas podem ainda querer dos nossos sessentões. É evidente que não se fala de fazer, um percurso de carreira, pois são pessoas que já encerraram seu ciclo clássico de vida corporativa. Melhor pensar em reinventar a contribuição possível desses seniores. É difícil imaginar que, com toda experiência adquirida, não possam ser úteis de alguma forma.
Do ponto de vista do sessentão, muito raramente existe a pretensão de refazer carreira. As razoes que o levam a trabalhar são várias, além da necessidade de renda, dar sentido a vida e viver dignamente, preservar a saúde física e mental com atividade variada, transmitir conhecimento e ajudar pessoas, entre outras tantas. O sessentão tem características que deveriam ser consideradas como importantes para sua inserção no mercado de trabalho. É próprio de sua faixa etária o equilíbrio emocional e a capacidade de examinar situações conflituosas com serenidade. A diversidade faz parte de seu repertório pessoal. Seu pacote de experiência lhe permite comparar situações racionais e produtivamente e, assim, buscar soluções interessantes, apropriadas e, muitas vezes, inusitadas. É fundamental que o sessentão, o sênior, seja visto com a vontade e o desejo de fazer o que há de melhor para as instituições e, claro, para ele.
Fonte: Antonio Vidal Filho, executivo de RH e consultor de empresas
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