sábado, 2 de julho de 2011

O poder emergente

O crescimento da economia brasileira e a melhoria  na distribuição de renda proporcionaram mudanças significativas na vida de milhões de pessoas. Mais da metade da população brasileira compõe hoje a classe C, segundo dados do IBOPE. De acordo com o levantamento, são mais de 32 milhões de pessoas nas principais regiões metropolitanas do país, com renda mensal entre R$ 1.500 e R$ 5.000, o que permite a realização de muitos sonhos.
As coisas começaram a mudar nos pais há alguns anos. Com a melhoria na distribuição de renda, muitos trabalhadores foram às compras, adquirindo talvez seu primeiro fogão novo ou sua primeira geladeira zero quilometro. Com a ampliação do crédito, também chegaram aos lares dessas famílias telefones celulares, TVs de última geração com canais pagos, computadores com acesso a internet, máquinas fotográficas digitais, MP3 players...
Muito foram ainda mais longe, fizeram às primeiras viagens de avião, o carro zero e até a casa própria. Outra novidade importante é o número crescente de jovens da classe C que chegaram ao ensino superior.
Para a antropóloga Luciana Aguiar “o avanço em algumas áreas, com o aumento no emprego, a evolução de indicadores educacionais e a  ampliação das políticas sociais relacionadas ao repasse de rendas e aumento real do salário mínimo, foram preponderantes para a alteração do panorama do país”.
A partir da ascensão da classe C, as empresas tiveram de se adaptar para suprir a nova demanda e, mais do que isso, atender as expectativas de um novo perfil consumidor. “Esse novo consumidor é exigente e preza muito a relação custo/benefício. Não se importa de pagar um pouco mais se estiver seguro quanto à qualidade e os benefícios do produto ou serviço. Conseqüentemente, esse consumidor é mais fiel as marcas e costuma fazer mais pesquisas de preços que as classes A e B”, explica o sócio diretor do Instituto Data Popular; Renato Meirelles. Ele pondera, no entanto, que “empresários e executivos precisam quebrar a barreira do preconceito, que ainda existe, quando olham para a classe emergente. As empresas estão engatinhando. O executivo sente a necessidade de mudança, mas ainda reluta. Agora, quem quiser ser líder de mercado precisa liderar nas classes C e D”.
Na opinião de Meirelles, a tendência de crescimento da classe C no Brasil vai continuar nos próximos anos. O otimismo também toma conta da opinião pública brasileira. A mesma pesquisa indica que, em 2005, 74% da população estavam otimistas com o ano seguinte. Em 2009, o percentual subiu para 84%.
O estudo aponta ainda que boa parte dessa classe emergente.se programava para comprar imóveis e carros no prazo máximo de um ano. Entre os segmentos com potencial de crescer, a pesquisa identificou como preocupações, principalmente dos jovens e mulheres, o aprendizado de um segundo idioma e os cuidados com a aparência.
Os investimentos em beleza e produtos de higiene se refletem em outro estudo, realizado pelo Instituto Data Popular sob encomenda do jornal Folha de S. Paulo e divulgado no início de marco. Esses gastos com produtos cresceram de R$ 2,4 bilhões em 2002, para R$ 19,8 bilhões no ano passado; uma elevação de 725% no período.
Especialistas concordam com as previsões positivas. “A enorme mobilidade social vivida pela classe C vai sustentar o potencial de crescimento do mercado brasileiro de consumo. Com isso, é impossível observar o movimento de aproximação entre o consumidor e o padrão típico de países desenvolvidos bastante exigentes’, conclui.

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