sexta-feira, 20 de abril de 2012

APERFEICOAMENTO DA LEI SECA

Embora ainda não tenha sido capaz de atender as generosas expectativas anunciadas no momento em que foram aprovados pelo congresso, os números oficiais comprovam que a Lei Seca ajuda a reduzir o desperdício de vidas humanas. Contando indenizações por morte paga a famílias de vítimas de acidentes fatais, um levantamento do Departamento Nacional de Transito mostra que, em 2007, quando a legislação ainda não entrara em vigor, morria uma pessoa a cada 742 veículos. Em 2009, o ultimo ano para o qual todos os dados estão disponíveis e o segundo da Lei Seca, morria uma pessoa a cada 1.119 veículos. Embora a frota tenha crescido 20% no mesmo período, o numero de mortes em acidentes caiu também em números absolutos, de 66.836 para 53.052.

Embora esses resultados não possam ser considerados civilizados, é bom advertir que eles podem piorar. A Lei Seca já nasceu com a ambigüidade. Com base no princípio constitucional de que ninguém é obrigado a produzir provas contra si mesmo, nenhum motorista pode ser forcado a fazer o teste do bafômetro nem submeter-se contra a vontade a um exame de sangue para comprovar o nível de álcool no organismo. Graças a uma decisão apertada do Superior Tribunal de Justiça, com placar de 5 a 4, ampliou-se, na prática, esse direito. O STJ sublinhou a validade da recusa aos testes e ainda definiu que só o bafômetro e o exame de sangue podem condenar um motorista. Na prática, portanto, pode sofrer as penas da lei apenas o cidadão que decidir colaborar com ela por sua própria vontade.

Em hora oportuna, o governo federal e os parlamentares debatem idéias para aperfeiçoar a Lei Seca. É uma preocupação correta. Deve-se assegurar tanto o direito de indivíduos que não podem ser forcados a produzir provas contra si mesmas, como o dever do Estado de proteger a sociedade de motoristas irresponsáveis capazes de causar danos sem remédio. Cabe, aqui, aplicar o princípio de que o Estado nos tem o direito de interferir na liberdade de cada indivíduo adulto – como beber -, a menos que ela possa causar prejuízo à outra pessoa – como matar
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