sábado, 28 de abril de 2012

Trocar de banco durante financiamento é vantagem para dívida alta

As quedas de juros promovidas pelos bancos nas últimas semanas levantam a dúvida sobre se transferir empréstimos de um banco a outro atrás de melhores condições de pagamento é vantajoso. A portabilidade de dívidas, prevista na legislação, é uma boa opção para quem tem grandes dívidas e que devem ser pagos em longo prazo, como o financiamento de um imóvel, garantem especialistas. Mesmo assim é preciso ficar atento às taxas de cartório, que podem ser superiores aos valores economizados, o que anularia o desconto. Analistas dizem que, nesses casos, o melhor é renegociar os débitos na própria instituição financeira.
A portabilidade é a transferência do saldo devedor de um banco para outro, que ofereça melhores condições contratuais. Quando o cliente escolhe o novo banco, essa instituição paga a dívida com o banco original e se torna a nova "dona" da dívida.
Essa modalidade vale para todos os contratos de operações de crédito e de arrendamento mercantil, ou leasing, quando a pessoa paga uma taxa mensal para usar o bem e, ao final do contrato, escolhe se fica ou não com ele. Essa operação começou a ser permitida no País em 2006 e, segundo o BC, em março desse ano foram realizadas 32.806 transações, com volume negociado de R$ 265.423.956,35.
Para o educador financeiro Ofir Viana Filho, o cliente tem que partir do princípio que o dinheiro de um empréstimo é uma "mercadoria" como qualquer outra. "Se essa mercadoria está cara em um banco, o melhor é procurar outra instituição, mas as taxas praticadas pelos bancos são muito semelhantes. A renegociação no próprio banco pode ser a melhor saída", diz.
"As pessoas devem buscar as melhores taxas, mas é um processo burocrático, moroso e que demanda tempo e muita pesquisa. Não é uma opção interessante para a compra de geladeira, mas pode ser boa para imóveis", diz o gerente geral do Instituto Geral de Investidores, Mauro Calil.
Multas
A resolução 3.401 de 2006 do BC prevê que os contratos firmados após 2007 não podem conter multas caso o cliente opte pela portabilidade. Caso o banco cobre qualquer multa, mais conhecida como taxa de interveniência, a mesma pode ser discutida judicialmente.
O professor da Trevisan Escola de Negócios, Alcides Leite, diz que a queda de juros promovida pelos bancos ainda é recente, então sugere cautela. "Ainda não compensa mudar de banco, é preciso esperar as taxas caírem e estabilizarem, para só então verificar qual a melhor instituição financeira para transferir a dívida", diz.
Entenda
- Desde 2006, os clientes podem trocar de dívidas em bancos, procurando as melhores tarifas. A portabilidade é permitida para todas as operações de crédito, a critério de cada banco, conforme o BC
- Segundo especialistas, a operação é vantajosa para dívidas altas e de longo prazo
- Na hora de verificar se vale à pena fazer a transação, o consumidor deve descontar as tarifas que devem ser pagas em cartórios, com impostos, e com taxas para abertura e fechamento de contas
- Para dívidas pequenas, os analistas afirmam que é melhor renegociar o contrato no próprio banco

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