quarta-feira, 11 de abril de 2012

Como o dióxido de carbono derreteu o mundo

Pesquisadores afirmam que os níveis cada vez mais altos de dióxido de carbono causaram o fim da mais recente era glacial, há 10.000 anos. Foi descoberto que as regiões onde o aumento na concentração dos gases do efeito estufa ocorreu após o aquecimento eram exceções frente ao quadro geral.
Amostras de gelo da Antártida sugeriram até mesmo que as temperaturas subiram séculos antes dos níveis de CO2, fazendo com que fosse impossível responsabilizar o gás. Isso serviu de munição para os céticos climáticos.
Mas, ao analisar dados coletados em 80 locais em todo o planeta, paleoclimatologistas da Universidade de Harvard, demonstraram que, em nível global, o aquecimento ocorreu após o aumento dos níveis de CO2. A equipe utilizou sete registros diferentes da temperatura do passado, incluindo testemunhos de gelo, pólen antigo e a composição química dos fósseis de formas de vida microscópicas.
"Essa é a primeira tentativa de reunir o máximo possível dos dados que estão à disposição por aí", afirmaram. "É a primeira prova empírica irrefutável de que o CO2 foi um grande responsável pelo aquecimento global no fim da era glacial."
Os níveis de CO2 na atmosfera aumentaram cerca de 100 partes por milhão ao longo de milhares de anos ao final da última era glacial. Durante o século XX, o volume das concentrações aumentou de forma similar e a projeção é de que ele continue aumentando no século XXI.
Os registros globais mostram que o final da era glacial foi desencadeado pelas mudanças na órbita terrestre e pelas mudanças nas correntes oceânicas que transportam o calor através do planeta. Então o aumento dos níveis de CO2 ampliou esse aquecimento que originalmente era apenas regional.
Ainda não se sabe o que causou o aumento nos níveis de dióxido de carbono. Uma idéia é que ele pode ter escapado do fundo do oceano quando o gelo derretido e a mudança na direção dos ventos trouxeram águas ricas em gás para a superfície.
Na Antártida, as temperaturas se elevaram mais rápido do que em qualquer outro lugar, em função da diminuição da velocidade das correntes oceânicas que levam o calor do sul ao norte. Isso explica a diferença de tempo entre o os registros de dióxido de carbono e de temperatura naquele continente.
"Isso confirma mais uma vez o papel do CO2 nas mudanças climáticas", afirmou climatologistas na Universidade Católica de Leuven, na Bélgica. "Isso resolve muito bem uma das discrepâncias aparentes entre o registro de temperatura da Antártida e a evolução das concentrações de CO2."
A equipe de Harvard confirmou a interpretação desses dados do mundo real com simulações de modelagem climática. Eles examinaram diversos causadores do aquecimento no passado, incluindo a poeira, a perda das camadas de gelo _ o que leva ao aquecimento, uma vez que o gelo reflete a luz do sol, e, quando ele diminui, mais luz solar chega a Terra _ outros gases do efeito estufa, como o metano e o óxido nitroso, e mudanças na cobertura vegetal. A equipe descobriu que os níveis de CO2 foram mais importantes que qualquer um desses fatores causadores do aquecimento.
  Pesquisa: Wilson Tomaz de Lima

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