sábado, 6 de agosto de 2011

Por que a crise de outros países interfere tanto em nossos mercados?



 A forte queda da bolsa brasileira na última quinta-feira (5) mostrou aos investidores como o mercado acionário é afetado pelas questões econômicas internacionais. Apesar da distância geográfica, dúvidas sobre a recuperação dos Estados Unidos e a crise fiscal em países da Europa afetam muito os mercados globais e o Brasil também é muito influenciado pelo risco de recessão global.
Prova disso é o desempenho da bolsa brasileira ao longo deste ano. Desde janeiro, o Ibovespa (principal índice da bolsa paulista) já acumula queda de 19,17% - até o fechamento de quinta-feira (4).
“O fato é que vivemos em um mundo globalizado e a informação gira muito rápido. Com isso, os problemas externos influenciam diretamente o nosso mercado”, afirma o especialista da MoneyFit, Antônio De Julio.
De acordo com o gerente-geral do INI (Instituto Nacional de Investidores), Paulo Portinho, o mundo vive uma expectativa bastante negativa e o Brasil pode estar menos protegido da crise do que em 2008, por exemplo. “O Governo brasileiro vem fazendo um esforço muito grande desde 2008 para que a nossa economia não perca fôlego. Mas isso não é infinito e as pessoas já começam a se preocupar”, acredita.
Olhar as notícias?
O especialista da MoneyFit ressalta que o investidor, especialmente aquele que opera no mercado de renda variável, precisa ficar atento ao noticiário e acompanhar os principais acontecimentos globais, mas não deve basear as suas decisões por impulso, por conta de notícias negativas ou positivas.
“Tomar decisões baseado nas notícias é sempre complicado. O investidor precisa ter uma estratégia, tem que definir alguns pontos antes de fazer um investimento. Costumo falar que ele precisa sempre responder a quatro “Q”s: quando entrar, quanto investir, quando sair com ganhos e quando sair com perdas”, afirma De Julio.
De acordo com De Julio, um dos problemas de se basear em notícias para fazer os investimentos é que, grande parte das vezes, o investidor pega o final do movimento e acaba perdendo dinheiro. “É como chegar no final da festa. Você perde todo o movimento que poderia resultar em lucro para sua transação”, afirma.
O especialista aponta que o brasileiro tem o costume de esperar por notícias boas para comprar e por notícias ruins para vender. “Grandes investidores, como Warren Buffet, fazem exatamente o contrário. Quando o mercado traz notícias ruins, ele compra, e quando as notícias são boas, ele vende. Assim, ele compra sempre com preços baixos e vende quando os preços estão altos”, afirma.
Já Paulo Portinho divide os investidores entre aqueles que operam no curto e no longo prazo. De acordo com ele, o investidor que opera no curto prazo precisa ficar mais atento a todos os movimentos e informações sobre a economia global, para tentar ganhar dinheiro com a volatilidade do mercado.
Já para aqueles que possuem objetivos de longo prazo, estas informações são importantes, mas não decisivas para o investimento. “Quem compra com intenção de acumular patrimônio e se aposentar, por exemplo, deve comprar sempre e aos poucos. Assim, ele tem uma carteira com preço médio menor e sua chance de lucro é bem maior”, afirma Portinho.
Investidores estrangeiros
O gerente-geral do INI  ressalta que um dos motivos que fazem com que a bolsa brasileira seja muito influenciada pelos problemas externos é a grande quantidade de investidores estrangeiros que operam por aqui. “Ainda tem um volume muito grande de estrangeiros. E são eles que mandam na direção do mercado. Se eles saem, a bolsa cai”, afirma Portinho.
Ele lembra que a bolsa de valores sempre reflete a expectativa futura do investidor. “Então, se existe uma expectativa de recessão global, que provavelmente vai afetar a economia brasileira, os preços começam a ser ajustados para baixo”, diz Portinho.

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