A agricultura orgânica é por vezes apresentada como uma maneira de alimentar a crescente população mundial sem destruir o meio ambiente. Mas há controvérsias quanto às evidências disso.
A revista Nature publicou uma análise profunda do assunto. O estudo sugere que a agricultura que não utiliza fertilizantes químicos e pesticidas é capaz de suprir a demanda em algumas circunstâncias. Mas os rendimentos são mais baixos do que na agricultura convencional, de modo que produzir o grosso dos alimentos do mundo exigirá técnicas agrícolas que incluem o uso de fertilizantes, conclui o estudo.
Segundo especialistas, a agricultura orgânica realmente tem um papel importante, pois ela funciona muito bem em algumas condições. Mas, no geral, os rendimentos orgânicos são bem mais baixos do que os rendimentos convencionais.
Área sob inspeção
As análises que revisaram os estudos que comparam rendimentos de 34 espécies de culturas diferentes em sistemas de cultivo orgânico e convencional. Os pesquisadores incluíram apenas estudos que avaliaram a área total utilizada, permitindo-lhes comparar as colheitas por unidade de área. Muitos estudos anteriores que mostraram grandes rendimentos para a agricultura biológica ignoram o tamanho da área plantada – que é muitas vezes maior do que na agricultura convencional.
A análise revelou que as colheitas de agricultura biológica chegam a ser 34 por cento inferiores às provenientes de práticas agrícolas convencionais comparáveis. A agricultura orgânica tem um desempenho ruim aos vegetais e algumas culturas de cereais como o trigo, que compõem a maior parte dos alimentos consumidos em todo o mundo.
Os cereais e os legumes precisam de muito nitrogênio para crescer, o que sugere que as diferenças de rendimento podem em grande parte ser atribuídas a deficiências de nitrogênio em sistemas orgânicos, afirmaram os cientistas.
Nos sistemas convencionais, os agricultores aplicam fertilizantes químicos na área enquanto as culturas estão crescendo. Isso fornece nutrientes essenciais, tais como nitrogênio, quando as culturas mais necessitam deles. Os métodos orgânicos, tais como despejar resíduos da colheita na superfície do solo, desenvolvem nutrientes durante um período mais longo de tempo. Não existe sincronia entre a oferta e a demanda de nutrientes das culturas, afirmam.
Agricultura frutífera
Os métodos orgânicos são melhores quando servem à produção de frutas como o morango – que têm rendimentos apenas 3% menores que na agricultura convencional – oleaginosas como a soja, que tem rendimentos 11% mais baixos. Os agricultores orgânicos podem melhorar os rendimentos produtivos por meio do manejo da terra, plantando-as, em rotação com leguminosas que fixam o nitrogênio no solo.
Afirmam ainda que existe uma diferença de rendimento grande, mas o estudo sugere que os sistemas orgânicos têm potencial para produzir rendimentos comparáveis, mas num número muito limitado de culturas,
O estudo considerou apenas diferenças entre rendimentos; o próximo passo é analisar quanto aos impactos ambientais da agricultura orgânica e convencional.
Porém o que se busca é um aumento do rendimento.
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