terça-feira, 15 de maio de 2012

A caça do gay

O deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) analisa o texto do escritor Mario Vargas Llosa, que, preocupado com os direitos humanos e a defesa da vida, escreveu no último 8 de abril, no “El País” (Espanha), um texto contra o preconceito e a impunidade. “La caza del gay”, denunciando o assassinato de homossexuais na América Latina.

Na noite de 3 de março, “quatro ‘neonazistas’ chilenos, liderados por  Pato Core (apelido), encontram deitado próximo ao Parque Borja, de Santiago, um jovem de nome Daniel Zamudio, ativista homossexual de 24 anos, que trabalhava como vendedor em uma loja de roupas. Durante seis horas, enquanto bebiam e se divertiam, dedicaram a dar socos e pontapés em Daniel, a apedrejá-lo e a desenhar-lhe, com cacos de vidro, suásticas no peito e nas costas.”

Ao amanhecer, Daniel foi levado para o hospital, onde veio a falecer após agonizar por 25 dias.

Este é mais um crime homofóbico. Homofobia esta que, pela discriminação e ódio aos homossexuais, tem se multiplicado em toda a América Latina.

Diz Vargas Llosa que Sebastián Piñera, presidente do Chile, além de reclamar uma punição exemplar aos criminosos, pediu ao parlamento que aprove com urgência um projeto de lei que vegeta há sete anos no legislativo chileno. Está parado nas comissões por “temor de legisladores conservadores de que, aprovada a lei, abrirá o caminho para o matrimonio homossexual”.

No Brasil também há um projeto de lei que condena a homofobia, e que tramita no Congresso Nacional há mais de 10 anos. No momento, pela mesma razão chilena, está parado no Senado da República. Enquanto isto, homossexuais são diariamente assassinados e agredidos, física e psicologicamente, em todo o país.

E, sobre estes crimes, os “homens (parlamentares) de boa fé”, que se opõem à aprovação do projeto, se calam. Qualquer semelhança entre Brasil e Chile, neste caso, não é mera coincidência.

“O mais fácil e o mais hipócrita é atribuir essa morte, só aos que se autodenominam neonazistas sem saberem sequer o que foi isso. Esses crimes são frutos da cultura de antiga tradição que mostra o gay e a lésbica como enfermos ou depravados que devem ser mantidos longe dos seres normais pois corrompem o corpo social e induzem o pecado e a desintegração moral e física.”

“A idéia contra os homossexuais e o homossexualismo é ensinada na escola, é alimentada nas famílias, se difundem nos meios de comunicação, aparece nos discursos dos políticos, nos programas de rádio e televisão e nas comédias teatrais, onde os gays e lésbicas são sempre personagens anômalos, ridículos e perigosos, merecedores do desprezo e do rechaço dos seres decentes, normais e corretos.”

Llosa acerta no diagnóstico: a homofobia começa dentro de casa, no seio sagrado da família, é ensinada nas escolas e alimentada dentro de grande parte das igrejas.

Aparece semanalmente nos discurso e prática de muitos políticos, por isso não se aprova o projeto que criminaliza a homofobia, nem tampouco se permite a execução de políticas públicas de combate à homofobia.

Vargas Llosa relata também fato ocorrido em Lima. Yefri Peña foi atacado na capital peruana por cinco ‘machos’ que lhe desfiguraram o rosto e o corpo, com o bico de uma garrafa quebrada. Por ser um (a) travesti, os policiais negaram auxílio e, no hospital para onde foi levado (a), os médicos também se negaram a atendê-lo (a), por considerá-lo (a) ‘um foco infeccioso’.

“Sem dúvida, o mais terrível de ser lésbica, gay ou transexual nesses países é a condenação cotidiana, a insegurança, medo, a consciência permanente de ser considerado (e chegar a sentir-se) um réprobo, um anormal, um monstro”.

“Quantos jovens atormentados por esta censura social de que são vitimas os homossexuais são empurrados ao suicídio ou a padecer de traumas que arruinaram suas vidas?”, pergunta Llosa. Com certeza, milhares no mundo.

Pois bem, enquanto predominarem a estupidez e a hipocrisia entre a maioria dos “homens de boa fé”, homossexuais continuarão sendo assassinados.
Fonte: Dr. Rosinha, deputado federal PT - PR

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