quarta-feira, 16 de maio de 2012

A INFIDELIDADE FINANCEIRA COSTUMA SER TAO TRAUMÁTICA QUANTO A SEXUAL

Casais que não conversam sobre a administração do dinheiro na relação correm o risco de viver desagradáveis situações e traição. Negócios e gastos escusos, dívidas secretas, chantagens e desvios de recursos são algumas das armadilhas em que podem cair aqueles que, sem saber, “dormem com o inimigo”. Aí, muitas vezes é o fim do amor.

      O termo fidelidade guarda uma ligação com fidúcia, que significa confiança – o fundamento de todas as alianças, contratos parcerias e uniões. Sem confiança a humanidade não teria forcas para se constituir. Mas a desconfiança sempre está à espreita. Nos relacionamentos amorosos, assombra principalmente quem teme a traição afetiva ou sexual, causando agudo e traumático sofrimento, mágoas e mesmo separações irreversíveis. Não é esta, porém, a única fonte de desconfiança entre casais.
     
      Embora o inegável poder do amor e do sexo na vida humana emita luz fortíssima, capaz de cegar os incautos para outros riscos, eles existem. Um desses riscos se chama dinheiro.

      Nem mesmo o criador da Psicanálise, Sigmund Freud (1856-1939), se deteve sobre essa vigorosa dimensão da nossa existência. Se o sexo hoje é praticamente banalizado, o “vil metal” continua sendo tratado com certo pudor pelos casais, e isso apesar da onipresença do capitalismo selvagem, que reage de forma materialista a vida na atualidade. O fato é que a questão do dinheiro nem sempre é conversada as claras pelos parceiros. Por isso, muitos acabam enfrentando outro tipo de infidelidade, que provoca a dor tão intensa quanto à sexual: a infidelidade financeira!
     
      Na vida a dois, a expectativa é a de que predomine a transparência e a ética mútua, inclusive no que diz respeito ao dinheiro de ambos. Precisamos saber com quem nos relacionamos e que, no mínimo, estamos em segurança. Afinal de contas, dormir com o inimigo, ninguém merece!

      Os casos de infidelidade financeira tem efeitos muito danosos – às vezes fatais – para o destino da união. E não é apenas o marido – geralmente o maior provedor da família – quem faz o papel de vilão, manipulando o poder econômico.  Acontece de ele ocultar negócios para sonegar dinheiro à mulher e aos filhos, ou se arriscar, contraindo dívidas secretas, colocando em perigo a segurança da família. Muitas vezes desvia recursos do bem-estar conjugal e familiar para gastar em jogo ou noitadas. Mas a mulher também pode entrar nesse setor – da mesma forma que o marido, quando tem renda equivalente ou maior, ou de outras formas, quando é financeiramente dependente. Nesses casos, é comum que faca chantagem sexual em troca de regalias ou desvie dinheiro sorrateiramente, seja para a eventualidade de uma separação, seja para finalidades escusas, ou mesmo frívolas.

      De causas variadas, esse tipo de desarmonia termina por fazer do dinheiro um instrumento de agressão, disputa ou manipulação, além do motivo de angústias e problemas emocionais de um ou de ambos os parceiros.

      O ideal, quando o assunto explode, é botar as cartas (ou as notas) na mesa e esclarecer as coisas. O casal precisa solidarizar-se na gestão da economia doméstica, com transparência. Nem sempre é fácil, pois o dinheiro integra um jogo perverso de interesses nada racional, que não combina com sensatez. Melhor seria não chegar a esse ponto, mas isso é privilégio daqueles casais que constroem sua relação levando em conta, desde o princípio, o fundamento básico da confiança. A confiança de que serão justos, éticos e decentes e generosos um com o outro. Pois o amor floresce melhor num ambiente onde predomina a gratidão recíproca

     Fonte: Paulo Sternick, psicanalista

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