sábado, 26 de maio de 2012

O IMPACTO DOS JUROS BAIXOS NO CRÉDITO

        A recente imposição do governo de reduzir os juros dos bancos públicos tem seus méritos, desencadeou nas instituições privadas uma mudança radical nas políticas de crédito. Mas se engana quem acredita que passamos a contar com dinheiro farto e barato. Muitos consumidores que foram em busca de refinanciamentos e contratações de novas dívidas receberam não como resposta. As instituições privadas seguiram as públicas na redução dos juros, mas endureceram na aprovação, tornando mais difícil obter empréstimos.
        Era de esperar o papel dos bancos não é emprestar dinheiro, mas sim lucrar com a intermediação de recursos. Para um banco sobreviver precisa ser lucrativo tanto ao conceder crédito quanto ao captar recursos de poupadores. Nas operações de crédito, há lucro quando os clientes pagam os compromissos. Ou então quando o banco cobra uma alta margem nos empréstimos com muita inadimplência.
        Os bons clientes, habituados a formar poupança e a pagar em dia, sempre tiveram condições de crédito melhores. As pessoas com maior consciência financeira não emprestam o nome para amigos contraírem dívidas, são pontuais com seus compromissos e evitam crédito caro, como o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito. Ao recusar produtos financeiros ruins, esse cliente sinaliza aos bancos que não dará problemas ao lidar com compromissos assumidos. Juros baixos estão disponíveis há anos para eles.
        Mas a vida financeira de grande parte dos brasileiros é bem diferente. Ultimamente, indicadores mostravam que a população já não vinha contraindo mais dívidas, pois mal conseguia pagar as que tinham. Com a inadimplência em alta, os bancos aumentariam os juros, para manter viável a concessão de empréstimos.
        A pressão por juros mais baixos nos leva a acreditar que, em vez da expansão no crédito, teremos uma posição mais defensiva dos bancos e, então uma redução na oferta de dinheiro. Para atender a quem investe em suas ações, os bancos tenderão a encolher sua atividade e a preservar os resultados. Como o consumidor não aprende a lidar com dinheiro por decreto, as instituições com uma postura mais agressiva terão de administrar a inadimplência. A não ser que prefiram abrir mao de seus resultados, elas serão forcadas a corrigir suas taxas de juros para cima em breve.

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